quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Um Escoteiro caminha com as próprias pernas - HERÓI CAIO VIANNA MARTINS

Caio Vianna Martins nasceu em Matosinho em 13 de julho de 1923, Minas Gerais, arraial que hoje virou cidade.
Aos seis anos seus pais o matricularam no Grupo Escolar Visconde do Rio das Velhas. Mais tarde mudou-se com a família para Belo Horizonte. Matriculou-se aos oito anos no Grupo Escolar Barão do Rio Branco onde estudou até o quarto ano primário. Estudou também no colégio Arnaldo e Afonso Arinos, onde entrou para o Escotismo. O Grupo era patrocinado pelo educandário. Isso aconteceu em 10 de setembro de 1937. Mais tarde Caio se tornaria Monitor da Patrulha Lobo.
Na noite de 19 de dezembro de 1938 o escoteiro Caio Vianna Martins, aos 15 anos de idade, estava com seu destino traçado, semelhante aos grandes heróis da história.

A Comissão Executiva do Grupo Escoteiro Afonso Arinos, do ginásio do mesmo nome, de Belo Horizonte, ambos hoje inexistentes, organizou uma excursão técnica-cultural a São Paulo. A delegação era formada por 25 membros.
A composição do trem noturno estava formada com 11 vagões, sendo o do meio, 1ª Classe, ocupado pelos escoteiros. A viagem se desenrolava normalmente até que às 2:05 da madrugada do dia 19 de dezembro entre as pequenas estações de Sítio e João Aires, aconteceu o terrível desastre, quando se chocaram o trem noturno que descia, com o trem cargueiro que subia. Muitos vagões descarrilharam, outros engavetaram e alguns se levantaram.
O vagão da frente ao ocupado pelos escoteiros saltou dos trilhos, atravessando para a direita, engavetando-se, partindo-se e tombando sobre o barranco, comprimido para a frente pela pressão dos carro restaurante e leito.
Os escoteiros que resistiram ao impacto das composições reuniram-se em um ponto à direita da estrada. Nesse momento o grupo sentiu falta do Escoteiro Gerson Issa Satuf e do Lobinho Hélio Marcos. Na procura ambos foram encontrados mortos.
Do vagão leito foram retirados colchões e cobertores, usados para abrigarem os sobreviventes. Para uma cabine foram levados os feridos com maior gravidade. Alguns escoteiros trabalharam na confecção de macas com lençóis e paus enquanto os demais, com as tábuas que foram retiradas dos vagões, fizeram uma fogueira para iluminar o local, facilitando o trabalho de salvamento.
Os primeiros socorros chegaram somente às sete horas da manhã (cinco horas após o acidente). Os passageiros feridos, inclusive alguns escoteiros, foram transportados para Barbacena. No desastre morreram 40 pessoas.
 
 ACIMA e ABAIXO, imagens do desastre do Noturno Mineiro, no Natal de 1938, próximo a João Ayres. “Mais de quarenta cadáveres foram enterrados em Barbacena, para onde foram transportadas as vítimas da catastrphe, sendo muito maior o número de feridos. O desastre deu-se em consequencia de um engavetamente de vagons (carros), cheios de passageiros. Estas photografias mostram a que estado ficaram reduzidas as composições attingidas” (O Malho, 29/12/1938).

 
O monitor Caio recebeu forte pancada na região lombar, sofrendo esmagamento das víceras e hemorragia interna. Retirado do vagão pelos companheiros e recolhido ao vagão leito, Caio Martins parecia dar sinais de estar melhor. Pouco depois quando seria levado para Barbacena e notando que um enfermeiro se aproximava com a maca, ele olhou ao redor e viu que havia outros feridos mais necessitados. Encarando o enfermeiro disse: “Não. Há muitos feridos aí. Deixe-me que irei só. Um Escoteiro caminha com as próprias pernas”. Acompanhado dos amigos, seguiu andando, para a cidade. O esforço que fez, porém, foi muito grande. Ao chegar ao hotel deu alguns passos para depois saírem golfadas de sangue de sua boca, em conseqüência da hemorragia interna que sofreu. Levado para a Santa Casa veio a falecer às duas horas do dia 20 na presença de seus pais. Foi sepultado no cemitério de Bonfim, zona norte de Belo Horizonte, junto do Escoteiro Gerson e do Lobinho Hélio Marcos.
* * *
Na noite de 19 de dezembro de 1938, viajava um trem noturno, vindo de Belo Horizonte para o Rio, e entre as estações de Sítio (Antonio Carlos) e a de João Ayres, um cargueiro, que vinha no sentido Rio-BH, chocou-se frontalmente com o noturno, no qual viajavam escoteiros de Belo Horizonte, que rumavam para São Paulo na primeira classe. No acidente, faleceram instantaneamente o Escoteiro Gerson Issa Satuf e o Lobinho Helio Marcos. Então, os escoteiros construíram macas, acenderam fogueiras para facilitar o trabalho noturno de resgate e se mobilizaram para prestar atendimento aos feridos, que foram encaminhados à Santa Casa de Barbacena.
Um dos escoteiros, de 15 anos, era Caio Vianna Martins, que sofreu um trauma na região lombar. Este não parou de trabalhar junto dos demais escoteiros de seu grupo; seus companheiros, percebendo que este não estava bem e vendo que a situação já estava um pouco mais controlada, solicitaram resgate para Caio, que, vendo os feridos, teria proferido as seguintes palavras: ‘Não, não me carreguem na maca, ainda há muitos feridos, um escoteiro caminha com as suas próprias pernas’. Caio caminhou, mas o esforço da lhe foi letal, e com sintomas de forte hemorragia interna, faleceu assistido pelos pais no dia seguinte. Foi sepultado no Cemitério do Bonfim, Zona Norte de Belo Horizonte. Caio Vianna Martins é um símbolo para os escoteiros brasileiros, empresta seu nome à muitas ruas do país e também ao Conjunto Esportivo Estadual de Niterói, aonde o Botafogo costumava mandar seus jogos, o Estádio Caio Martins. Neste acidente, que ocorreu as 2:05, o socorro, vindo de Barbacena, conseguiu chegar ao local somente as 7 da manhã“.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

26º MUTECO - QUEIMA DE LIXO

Durante  a Tarde de 1º de julho de 2017, no 26 Muteco,  a patrulha Buldog junto com a Patrulha Leão produziram um vídeo sobre a queima do li...